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by Patrícia Sousa

VAMOS FALAR DE LUTO!
Luto: Imagem
Porque só há luto onde há amor, na nova rubrica do blog O amor supera tudo vamos falar precisamente do Luto.
Com o último artigo do blog chegaram-me algumas mensagens a sugerir para falar deste tema. Eu sabia que era um risco que corria, mas mesmo assim decidi avançar quando criei o blog O Amor supera tudo. Logo depois, uma amiga ligou-me a sugerir exactamente o mesmo. “Podias ajudar tantas pessoas que estão, neste momento, a passar pelo luto”, pediu-me. Sei e tenho plena consciência do luto, até porque o estou a viver, e da importância de falar dele.
E tu? Começaste a viver o luto durante esta pandemia, sem despedidas e sem abraços, como estás?
Fiquei a matutar no assunto e o certo é que tocou na ferida. Sim, o luto não é uma doença, mas é uma ferida que precisamos ir cicatrizando. Partilhei com um amigo este meu desassossego e a resposta dele ficou a bater-me ao ritmo do coração: “estas partilhas em modo de amor mexem com a nossa essência. Falar com verdade é envolver-nos de forma total, é saber que se pode estar a abanar a árvore, sem que as raízes estejam ainda bem firmes”. Mas logo outra amiga refutou: “ao falar sobre o tema e ao ir à ferida limpas o solo para as raízes conseguirem perfurar a terra e ficarem cada vez mais fortes e sustentarem a árvore”.
Pois bem, mesmo sabendo que as raízes ainda não estão bem firmes, decidi abanar a árvore na certeza que vou limpar o solo para as raízes perfurarem a terra e ficarem mais fortes para sustentarem a árvore.
Por mim. Por ti.
Decidi criar uma nova rubrica no meu blog.
Luto. Sim! Vamos falar de luto! Um dos temas mais tabu da nossa sociedade e que todos, sem excepção, batemos de frente com ele em alguns momentos das nossas vidas. Sei que a quem ainda não ‘bateu no coração’ pode não querer saber. Mas tenho a certeza que a quem está a passar pela luta do luto pode fazer todo o sentido.
Vamos falar de luto? Há tanto e tanto para falar! Anda comigo! Não tenhas medo! Não estás sozinha/o! Confia! Acredita! Sabes porquê? O amor supera tudo!
Daqui para a frente, também vou partilhar contigo diferentes temáticas relacionadas com o luto, dos momentos felizes que podemos e devemos viver sem culpa, da transformação natural, porque a nossa vida nunca mais é igual, e de algumas das estratégias que me têm permitido voltar a subir a montanha russa e manter-me minimamente equilibrada no meio desta luta. Quem sabe até, partilhe testemunhos teus (mesmo que seja de forma anónima). Seria transformador! Sabes porquê? A partilha tem poderes mágicos e podemos ‘dar a mão’ a quem mais precisa com o nosso testemunho, experiência e vivência! Esta é também uma forma poderosa de nos ajudar, ajudando o outro! Pensa nisso! Vamos falar de luto?
Deixa o teu comentário e a tua partilha! Vou adorar ler-te e abraçar-te!
Por enquanto, que venham os abraços, como a minha pequena Mariana diz, “apertadinhos e demorados”!
Um abraço apertadinho e demorado
Com amor
Patrícia
Se queres saber mais vê o vídeo!
Luto: Texto

SÓ HÁ LUTO ONDE HÁ AMOR
Luto: Imagem
Parece contraditório? Mas não é! Só vive e passa pelo luto quem ama. Há muitas teorias. Teorias de nomes bem conhecidos da nossa história, mas nenhuma teoria explica o luto. Sabes porquê? Porque a experiência de viver o luto é tão, mas tão, única. Só quem vive é que sabe e cada um de nós vive à sua maneira. Tal como o amor, o luto é uma experiência viva e que não se consegue explicar.
Nunca estamos preparados para perder quem amamos. Muito menos de forma inesperada e trágica. Mas também não dá para nos preparar para perder alguém que amamos, não é? Vivemos na ilusão de que aqueles que nós amamos nunca vão partir ou vivemos eternamente com medo que esse dia chegue. Negamos a única certeza que temos. Podemos estar mais evoluídos espiritualmente e saber que somos seres espirituais vivendo uma experiência humana. Podemos saber que o desapego é crucial para vivermos de forma saudável. Mas o que fazemos com a saudade e a falta que sentimos da pessoa, que estava tão presente no nosso dia?
“Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, nós nunca estamos preparados para perder alguém.”
Nicholas Sparks
Não há uma receita para lidar com a perda nem com o luto. Cada um vive o luto à sua maneira e cada experiência é vivida de forma diferente, dependendo da relação que temos com a pessoa que partiu, do momento da nossa vida, da nossa personalidade, na nossa fé (não estou a referir-me a nenhuma religião!) e das circunstâncias em que a morte acontece. Cada um vive à sua maneira e da maneira que sabe. Mas é, sem dúvida, uma das provas mais duras da nossa vida.
Perdi os meus avós muito nova. A morte da minha avó materna marcou-me profundamente. Vivi o meu luto. Doeu? Muito. Precisei de muito tempo? Claro que sim! Mas consegui cicatrizar a ferida. Sabes porquê? Perder a minha avó era expectável. Ela estava doente e eu sabia que isso ia acontecer mais dia menos dia. Entretanto, eu estava no auge dos meus sonhos. Estava no início da minha carreira profissional, cheia de projectos e com uma vida extra-profissional recheada de vida e de pessoas. Hoje, consigo recordar com aquela “saudade boa” tudo o que vivemos juntas e sinto-me uma privilegiada por a ter tido na minha vida!
Perdi, entretanto, um grande amigo e o meu pai, no espaço de um ano. Ainda estou a viver o luto! Sabes porquê? Não era expectável, muito menos da forma que as duas mortes aconteceram. A entrada nos meus 40 anos foi tudo menos aquilo que algum dia sonhei para a minha vida: não cumpri a ‘check list da felicidade’ que a sociedade nos impõe desde muito pequenos. À frustração e ao sentimento de ter falhado juntou-se a perda de um amigo muito importante na minha vida e da pessoa que mais amava, o meu pai. Fui literalmente atirada (nas duas situações), à má fé e sem aviso, para o fundo de um buraco bem escuro e muito frio.
Dizem que o luto tem várias fases, mas para mim o luto não é nenhuma corrida de obstáculos, que chegamos ao fim e fica tudo bem e até podemos ganhar uma medalha. O luto é uma autêntica montanha russa. Hoje de manhã estou bem e da parte da tarde, à mínima coisa, dou uma queda vertiginosa e, sem protecção, caio daquela montanha russa a pique. Frequentemente sinto-me mergulhada numa espécie de confusão. Muitas vezes, perco-me nas memórias, tão boas e felizes! Quase sempre sinto tantas, mas tantas saudades! Sinto-me órfã. Sinto-me desprotegida. Sinto-me abandonada. Muitos outros filhos, pais, maridos, esposas, netos, avós, primos e tios e, claro, amigos sentem o mesmo.
Muitos outros que estão à nossa volta não compreendem. Sabes porquê? Porque nunca perderam ninguém que amam. Por vezes, é difícil colocar-nos no lugar do outro. Mas bastava questionarem-se como seria se perdessem a pessoa que mais amam e deixavam de julgar ou de querer acelerar o processo de luto da outra pessoa. Por isso, nós que estamos a passar por este processo aprendemos a relativizar o que nos vai acontecendo. Por isso, que os queixumes, os discursos de vitimização e as constantes reclamações dos outros começam a fazer-nos comichão. Aí se eles soubessem!
O luto é um período indispensável, que precisa ser bem vivido e, por isso, não deve ser apressado ou interrompido. Quando nos dizem “segue em frente, já não podes fazer nada” não estão a ajudar, mas apenas a acelerar algo que tem que ser vivido. Aí se eles soubessem!
Tenho saudades de abraçar. Sou de abraços e de afectos. Mas, contrariando a minha essência, o período que supostamente mais precisava de abraços na minha vida não tive abraços (e depois veio a Covid-19). Isolei-me de tudo e de todos. A revolta, a tristeza e a dor eram tão grandes que não queria ouvir ninguém dizer-me “tens de seguir em frente”, “o teu pai de certeza que quer que tu estejas bem”, “não podias fazer mais nada” e tantas outras frases que na hora só apetece pedir à pessoa para se calar e desaparecermos. Porra? Porque é que ninguém chega à nossa beira nos dá um abraço e fala que é normal e natural estar assim? O luto é isto. Precisa de abraços e que falemos dele abertamente. Das fragilidades, das vulnerabilidades, das dores, das saudades. Normalizar aquilo que é natural e que todos teimamos em esconder para debaixo do tapete. Independentemente daquilo que acreditamos, o certo é que quando amamos sentimos falta. Sentimos saudade. Sentimos um vazio e um buraco escuro (que acredito que um dia vai ficar cinzento) no lugar do coração e é preciso olhar para ele com amor, gentileza e muitos abraços. Sabes porquê? Porque quando alguém que amamos parte, uma parte de nós também vai com ela. Nunca mais nada é igual. Daí a necessidade de adaptação e de recomeçar! É um processo, que cada um conduz como sabe e como pode. Infelizmente, quase sempre sozinho.
A ti, que estás a viver o luto como eu: não estás sozinha/o! Confia! Acredita! Sabes porquê? O amor supera tudo!
“Apenas as pessoas que são capazes de amar fortemente podem sofrer grande tristeza, mas esta mesma necessidade de amar serve para neutralizar a sua dor e curar.”
Leon Tolstói
Daqui para a frente, também vou partilhar contigo outras temáticas relacionadas com o luto, dos momentos felizes que podemos e devemos viver sem culpa, da transformação natural, porque a nossa vida nunca mais é igual, e de algumas das estratégias que me têm permitido voltar a subir a montanha russa e manter-me minimamente equilibrada no meio desta luta. Quem sabe até, partilhe testemunhos teus (mesmo que seja de forma anónima). Seria transformador! Sabes porquê? A partilha tem poderes mágicos e podemos ‘dar a mão’ a quem mais precisa com o nosso testemunho, experiência e vivência! Esta é também uma forma poderosa de nos ajudar, ajudando o outro! Pensa nisso! Vamos falar de luto?
Por enquanto, que venham os abraços, como a minha pequena Mariana diz, “apertadinhos e demorados”!
Um abraço apertadinho
Com amor
Patrícia
Luto: Texto
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