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QUEM SOU EU

Quem sou eu: Imagem

Olá, minha querida!

Sente-te em casa, este é o nosso porto de abrigo!

Eu sou a Patrícia e tenho 44 anos.

Sempre fui uma menina muito envolvida na comunidade. Desde cedo entreguei-me de corpo e alma a vários projectos e sempre vivi de forma intensa e de coração cheio todas as actividades. Recordo uma senhora da terra que sempre que passava por mim me dizia “olha a menina dos 7 ofícios”. Estive na fundação do nosso Agrupamento n.º 1204 do Corpo Nacional de Escutas, integrei a equipa de futebol feminino da nossa terra nos primeiros anos e fiz parte da criação de um movimento independente que se candidatou à Junta de Freguesia.

No nosso agrupamento fui tão feliz, apesar da muita responsabilidade que sempre tive enquanto chefe de agrupamento. O escutismo é uma verdadeira escola de vida e lá cresci e aprendi muito com as centenas de crianças e jovens que por lá passaram. Sinto uma gratidão imensa por tudo que vivi com cada um deles. Estão no meu coração.

Na mesma altura comecei a jogar na equipa de futebol feminino da nossa terra. Fui ponta-de-lança e nunca mais esqueço aquele nosso primeiro jogo no antigo campo 9 de Julho frente à equipa que brilhava na altura a nível nacional, o Boavista. Perdemos 11-0!

Foram anos muito intensos, mas quando comecei a trabalhar no Porto vi-me obrigada a deixar o futebol.

Entretanto, quando há 19 anos começámos a caminhada na Junta de Freguesia estava longe de imaginar o quanto ia aprender, conhecer, fazer e partilhar. Já vamos no quinto mandato e foram 18 anos intensos de muito trabalho e muitas conquistas. Fui secretária da Assembleia de Freguesia desde o segundo mandato até o ano passado. Aqui tive a oportunidade de, com todos os elementos do grupo e da oposição, partilhar ideias, dar opiniões, sugerir, aprender, participar e contribuir, acima de tudo, para que este órgão deliberativo funcionasse de forma democrática, plural e transparente.

Mas para mim, toda esta caminhada foi muito além da função de secretária. Dei tudo de mim. Estive neste projecto de alma e coração e, como muitas vezes o disse e escrevi: arregacei as mangas para tudo. E é com muito orgulho que tenho a minha marca em tantos projectos e em tantas iniciativas.

Na sede de junta e dos escuteiros, a minha primeira casa tantas e tantas vezes, fui muito feliz. Desdobrei-me entre todas as salas daquela casa em múltiplas causas. Em jeito de brincadeira dizia muitas vezes que aquela casa era minha, porque ali fiz de tudo.

Passaram-se mais de 25 anos desde que entrei naquela “casa” a primeira vez e pelo caminho estive ainda na fundação de uma associação de dadores de sangue no nosso concelho e participei em inúmeras actividades de voluntariado.

Com a vida profissional que tenho e com a responsabilidade e entrega que tinha, hoje olho para trás e não sei como conseguia ter tempo para tudo. Hoje, percebo que temos sempre tempo para o que é prioridade para nós.

Claro que o meu corpo ressentiu-se daquela vida “louca” e a minha tiróide ficou completamente descontrolada. Inicialmente foi um processo difícil, mas hoje a situação está controlada com medicação diária que tenho de tomar para o resto da vida. Em simultâneo tive uma lesão no ombro, que me paralisou o braço esquerdo. Só com tratamentos de electroacupuntura e de homeopatia durante dois anos é que consegui recuperar os movimentos e afastar a dor.

Foi nessa altura que deixei quase tudo para trás. Fui obrigada a parar e parar para mim não foi fácil. A minha vida só fazia sentido com tudo aquilo. Era aquilo que me fazia feliz. Por isso, precisei de acompanhamento psicológico para me ajudar a aceitar o processo e a perceber que nem tudo na vida é para sempre, mesmo quando acreditamos piamente que será. A minha mãe sempre dizia que havia duas situações que nunca iriam acontecer: era eu deixar os escuteiros e o meu pai deixar o tabaco. O certo é que as duas situações aconteceram da pior forma possível.

A minha vida começava a dar a primeira grande volta. Uma volta de 180 graus. Procurei ajuda nas terapias holísticas e comecei o meu processo de desenvolvimento pessoal. Aí nasceu a minha conta no Instagram soul_butterflyblue, que acabou por ser o meu refúgio. Neste caminho fiz, no início de 2017, uma das viagens da minha vida e que me marcou profundamente: 21 dias na Tailândia, Laos, Cambodja, Vietname e Dubai. Essa viagem transformou-me, vim outra pessoa. Tenho aquela sensação que me abriu os olhos da intuição. Nunca mais fui a mesma depois daquela viagem.

No final de Agosto desse ano, foi diagnosticado um tumor no pulmão ao meu pai. Ainda me estava a refazer do choque, quando recebo a notícia da morte de um dos meus melhores amigos. Foi uma situação muito complicada e delicada, porque me senti culpada. Os meses que se seguiram foram de coração nas mãos. Com a operação do meu pai a acontecer no dia de aniversário da namorada do meu irmão mais novo e a notícia que teria de fazer quimioterapia a chegar no meu dia de aniversário. Apesar de tudo, tudo correu bem.

Mas em meados de Junho de 2018 deixei de partilhar na minha conta do Instagram e deixei de estar entusiasmada com outra das minhas viagens de sonho, que estava marcada para Agosto desse ano com seis amigos a Nova Iorque, Filadélfia e Washington. A minha intuição já me dava sinais. Hoje, percebo porque me sentia tão agoniada e sem vontade sequer de sair da cama. A minha vida estava prestes a dar uma volta de 360 graus. O pior estava prestes a acontecer e aconteceu no dia 12 de Agosto de 2018. O meu pai seria operado nesse domingo. Uma cirurgia simples que o traria de volta a casa na terça-feira seguinte. Acordamos com a notícia da morte da mãe da namorada do meu irmão mais novo. Estava internada há quatro meses e a situação agravou-se inesperadamente e muito rapidamente. A minha Joana ainda estava a viver o luto do pai, que tinha perdido aos 18 anos, e ficava sem a mãe de repente, aos 25 anos. Meia hora depois recebemos a notícia que o meu pai não tinha sido operado e que tínhamos de ir ao hospital. Surgiu um problema quando o meu pai foi anestesiado e esteve quase meia hora sem oxigénio e ficou em coma.

Passaram-se quase seis meses. Vivemos esse tempo no hospital agarrados ao meu pai na esperança e com fé que ele acordasse, apesar dos médicos nos terem dito desde o primeiro dia que o meu pai nunca iria acordar. Com muita coragem, incentivo e apoio da minha família próxima e dos meus amigos regressei ao trabalho, já o meu pai tinha sido transferido para uma unidade de cuidados paliativos. Passados dois dias o meu pai faleceu.

Nesses quase seis meses o meu pai e nós fomos muito bem tratados e cuidados. Mas também fomos muito mal acolhidos e vítimas de uma insensibilidade que não sabia que existia. Ainda estamos com processos em tribunal para se fazer justiça. Nada trará o meu pai de volta. Nada apagará o que nós passamos. Mas precisamos de paz e de saber que a justiça foi feita.

Os últimos 4 anos foram duros, difíceis e trágicos. Fiquei sem chão vezes sem conta. O ano de 2019 foi uma espécie de licença sabática da minha vida. Limitei-me a sobreviver. Atiraram-me, sem dó nem piedade, para um buraco fundo, escuro e muito frio. Lá fiquei. Isolei-me, perdi-me e fiquei completamente alienada do mundo. Nada nem ninguém nos prepara para perder a pessoa que mais amamos muito menos de forma inesperada e em circunstâncias trágicas. De 2019 recordo muito pouco, apesar de todo ele estar cheio de notícias e acontecimentos trágicos e completamente inesperados, mas no meio do caos consegui realizar um sonho antigo e que começou a fazer a diferença no meu coração: fiz o Caminho de Santiago de Compostela duas vezes em dois meses.

Comecei os meus 43 anos completamente sozinha, perdida e alienada do mundo. Quando cheguei a Janeiro de 2020 a dor era tanta que ou fazia alguma coisa ou morria com aquela dor. Já não suportava aquela dor e tinha dois caminhos: continuava sozinha, vulnerável e eternamente em luto ou pedia ajuda para sair daquele buraco tão fundo e escuro onde eu estava! O luto tem que ser vivido para não vivermos eternamente em luto, até porque no dia que o meu pai faleceu uma parte de mim foi com ele. Mas a parte que ficou renasceu e para isso precisei de ressignificar a minha vida. Segui o meu coração! Ainda bem! Reuni as forças que me restavam e saí da zona de conforto.

Consegui sair daquele buraco com a ajuda de mulheres poderosas como a Ana Rita Costa, a Sara Esteves, a Cláudia Rodrigues e a minha doce Sissa (Sílvia Alves). Gratidão eterna por me darem as ferramentas necessárias para fazer este caminho de cura, de superação e, sobretudo, de amor! Com vocês descobri também o poder mágico e extraordinário das comunidades virtuais.


Se ainda continuo vulnerável? Claro que sim! Se ainda estou a viver o luto? Obviamente que sim! Se tenho dias muito maus? Se tenho! Sinto saudades do amor, da protecção, do cuidado, das palavras, dos conselhos sábios, do meu porto seguro! Afinal, sempre fui a menina do papá com tudo a que tinha direito!


Os meus 43 anos ficam na minha memória! Por causa da pandemia? Claro que sim! Mas principalmente por tudo o que me trouxe! Nunca saí tanto da minha zona de conforto, nunca li e aprendi tanto, descobri o Sagrado Feminino, dediquei-me de corpo e alma ao meu desenvolvimento pessoal, recuperei a minha auto-estima e confiança com os desafios de outfits com pinta, voltei a estudar e até descobri que adoro gravar vídeos!! Mas o mais importante é que pelo caminho conheci mulheres extraordinárias. Hoje sou grata por todo o amor que me deram e continuam a dar! Foram e continuam a ser a coragem, a força, a alegria, a inspiração, a entrega, a dedicação, a resiliência e a consistência que tanto precisava.


Entro nos 44 anos com muitos desafios pela frente e com a dura realidade de ter de "abandonar" um dos maiores sonhos da minha vida: ser mãe. Deste também terei que fazer o meu luto. Mas tenho a certeza que o melhor ainda está para vir e sei que não estou sozinha! É hora de continuar a ressignificar a vida, até porque nada acontece por acaso!

Sabes? Com 41 anos, ainda esperava pelas minhas folgas para saltar para a cama dos meus pais e estar na conversa com o meu pai até à hora de almoço. Tínhamos uma relação umbilical. Era literalmente a ‘menina do papá’ com tudo a que tinha direito.

Tudo isto para te dizer que independentemente das nossas dores e das nossas perdas é possível seguir em frente. Compreendo a tua dor. Não estás sozinha.

Acredita! Confia! Sabes porquê? O amor supera tudo!

Um abraço apertadinho

Com todo o meu amor e gratidão

Da tua Patrícia 💖

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